Onde está o prazer sexual feminino?

Conheci dra. Angelina em uma palestra que ela fez na Livraria Jaqueira, em Recife, quando lançou o livro aqui.

Como há muitas professoras e pedagogas em minha família – e pelo fato de eu ser jornalista -, adoro aprender, especialmente coisas bem explicadas. A palestra dela, em tom de conversa, me fez descobrir detalhes que ignorava ou mesmo não compreendia na relação entre a anatomia feminina e o prazer sexual.

Por isso, sugeri a ela que organizássemos um lançamento do livro em Natal, quando ela fosse por lá. E deu certo! Ela foi convidada para um curso voltado para ginecologistas na minha terrinha; aproveitamos a deixa e a Siciliano topou o lançamento.

Espero que homens e mulheres participem do evento. Sexo saudável e seguro é algo extremamente positivo na vida de todo mundo. E não é todo dia que se aprende sobre isso de graça com alguém com autoridade e seriedade no assunto.

Vejam abaixo o material de divulgação que preparei:

 

Onde está o prazer sexual feminino?
Especialista em vulva e em sexualidade explica, para homens e mulheres, a relação entre a anatomia feminina e as fontes do orgasmo. Livro sobre o tema será lançado em Natal no dia 26 de março

 

Historicamente, sempre houve um verdadeiro controle do prazer sexual feminino, o que não apenas colaborou para inibir a libido das mulheres como acabou por retrair estudos e definições sobre esse tema. Em sua palestra “Onde está o prazer sexual feminino”, Dra. Angelina Maia conversa com a plateia e explica as relações que envolvem a anatomia, tabus e pensamentos, mostrando, para homens e mulheres, a descoberta dos caminhos que levam ao orgasmo da mulher. A apresentação será no dia 26 de março, na livraria Siciliano do shopping Midway Mall, em Natal, após o lançamento do livro “O Papel da Vulva e da Vagina no Prazer Sexual”, às 18h.

Livro O papel da vulva e da vagina no prazer sexual

 

Com base em sua experiência de 33 anos e nos seus estudos sobre a vulva (a parte visível da genitália), publicados em dois livros, Angelina mostra os mitos e verdades sobre a anatomia e a sensibilidade dos órgãos sexuais femininos, assim como seu papel no prazer sexual da mulher. Entre os esclarecimentos da palestra, a médica também fala sobre o tabu da masturbação feminina: diversos estudos mostram que é pela masturbação, entre todos os tipos de atividade sexual, que a mulher atinge, com mais frequência, o orgasmo, ao contrário da relação sexual “apenas” com a penetração do pênis durante a qual muitas mulheres não gozam.

Outro assunto abordado envolve os termos “orgasmo vaginal” e “orgasmo clitoridiano”, que, apesar de muito usados, são, com frequência, mal definidos. Alguns estudiosos responsabilizam Freud por uma das teorias mais amplamente divulgadas e que gerou muito conflito nas mulheres, que é a do orgasmo vaginal. O orgasmo clitoridiano e o orgasmo vaginal não são entidades separadas. Os estudos mostram que o clitóris tem o papel de receptor e transformador das sensações eróticas, qualquer que seja o estímulo aplicado sobre ele. A partir do estímulo clitoridiano, a vagina terá sua primeira resposta, que é a lubrificação, sendo as contrações vaginais a principal alteração fisiológica da fase orgásmica. Também são importantes fontes de estímulos os pequenos lábios e a entrada da vagina. O interior da vagina mostra-se insensível à grande maioria das mulheres.

Sexualidade
Em “Onde está o prazer sexual da mulher”, Angelina também aborda a sexualidade humana, tema em que ela tem quatro pós-gadruações. “Em estatísticas relativas a ‘ações humanas’, quase todos confundem ‘mais frequentes’ com ‘normais’. No sexo, também é ‘normal’ aquilo de que a maioria não gosta”, ensina a especialista, “cada um deve perceber o que sente e do que gosta; só isso é normal para cada indivíduo”. A comunicação sobre os gostos sexuais entre os pares deve ser sempre estimulada, e é bom lembrar que, se for difícil usar as palavras, os sons, os movimentos e os gestos são muito bem compreendidos.

Para a médica, é informando e lembrando de que cada um gosta de que seja feito com seu corpo que o contato sexual ganha em qualidade. “Apesar de o toque no local certo ser muito importante, o ‘essencial’ é que o ‘pensamento’ esteja entregue ao prazer”, comenta. Angelina usa uma sigla simples para definir o ato sexual: “É um composto f-F (fricção e fantasia) – mais fantasia do que fricção”.

Sobre Angelina

Angelina Maia

Uma das poucas brasileiras integrantes da The International Society for the Study of Vulvovaginal Disease (ISSVD), Angelina Maia tem sucessivamente ocupado diversos cargos na diretoria da Associação Brasileira de Colposcopia e Patologia do Cervical Uterina, tanto em Pernambuco como nacionalmente. Sua especialização em vulva já lhe rendeu dois trabalhos publicados: o “Atlas de Vulvoscopia e Prevenção do Câncer Vulvar” e “O Papel da Vulva e da Vagina no Prazer Sexual”.

Angelina Maia também é Coordenadora do Setor de Prevenção do Câncer e Colposcopia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em sexualidade humana, com quatro pós-graduações.

Formada em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, atualmente Universidade de Pernambuco – UPE, em 1977, Angelina Maia, também, lidera sua clínica privada no bairro do Derby (Rua Viscondessa do Livramento,100. Fone: 81-3221-2927) em Recife (PE).

CONVITE VIRTUAL

Onde está o prazer sexual feminino?

Duplo

Mais um da safra 2006


Duplo

Amizade é amor sem sexo. A definição rondou com passos muitos pesados na cabeça de Rômulo depois que ele percebeu gostar de Arnaldo de um jeito diferente. Amigos de longa data, nenhum, do alto de seus 23, 25 anos, havia namorado por mais de um ou dois meses com uma garota.

Mas com Michele foi diferente. Arnaldo se apaixonou e, como acontece com todos os namorados, por mais que sejam novatos, ganham uma importância diferente em sua vida e passam a ocupar o maior tempo possível, como se fosse para compensar sua efemeridade – ou, justamente pelo contrário, pela promessa que carregam, de um dia tornarem-se verdadeiros cúmplices e amantes, ao mesmo tempo e para sempre.

O fato é que Arnaldo, inevitavelmente afastou-se. E foram os ciúmes que alertaram Rômulo para o que, até então, era latente: sua vontade de reorganizar as palavras daquela alternativa que lhe perturbava. Dias e dias passaram-se e, ao final de um mês, ele decidiu o que fazer. Michele foi a primeira vítima. Ela saiu de cena, não se sabe o porquê.

Rômulo sabe que, um dia, Arnaldo vai descobrir porque não consegue manter relacionamentos duradouros. Mas, no fundo, Rômulo quer que esse dia chegue, embora saiba do perigo que corre. Ele espera este dia porque Arnaldo vai poder saber a verdade e, quem sabe, aceitá-la.

 

Imagem: http://renaseveados.weblog.com.pt/arquivo/213693.html

 


Licença Creative Commons
Duplo de Emídia Felipe é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Based on a work at emidia.wordpress.com.

Duplo

A cama

O sabor picante e delicioso de um corpo ardente de desejo. Prato cheio e que dispensa acompanhamentos. Pode ser requintado, cheio de temperos exóticos, para ser degustado devagar, com língua, olhos e nariz. Pode ser um grande pedaço de carne sangrando, para ser mordido e arrancados os pedaços com dentes afiados e mãos firmes. Importa? Não. Importa que sacie. Tragam meu banquete.

Do blog http://pautaquepariu.zip.net

Texto originalmente publicado em dezembro de 2005 no blog Las-Cas

A cama

Mulher

Havia dias que chorava, tanto que seu rosto de branco tornou-se vermelho e suas lágrimas salgaram sua saliva. Nos últimos anos já era o terceiro que não conseguia ser somente dela. Desta vez, a outra sabia que havia outra. E as duas se encontraram algumas vezes, na presença dele. Não conseguia compreender porque não era a preferida, uma vez que todos os seus esforços eram para ele, no trabalho ou na cama. E ele dizia que a queria, prometia que, um dia, tudo se resolveria. Depois de dias chorando, um anjo pousou sobre seu coração – como pensou – e, finalmente, ela entendeu que era daquilo que ela gostava, era aquilo o que sempre procurou e, por isso, foi o que sempre atraiu. E foi assim, consciente do seu querer, que ela viveu feliz pelo resto da vida, sempre do outro lado do espelho.


“O coração de mulher é santuário de ouro onde muitas vezes ela venera ídolo de barro” (Paul Limayrac)

Texto originalmente publicado em 24/12/2005 no blog Las-Cas

Mulher

Mônica Serra fez aborto(?). Quem faria?

Mônica Serra fez aborto aos 4 meses de gravidez http://bitURL.net/ap53http://bitURL.net/ap54. Eu ainda n tinha visto.


Isso aí em cima coloquei no Twitter hoje. Ainda não sei o quanto de verdade tem nisso – até porque a assessoria da campanha de Serra já desmentiu a moça. E me lembrei que não tenho uma posição fechada e imutável sobre a questão. Resolvi refletir escrevendo e estou compartilhando com vocês, pegando uma “licença poética” para a falta de dados e comprovações, como minha essência jornalística manda fazer.

Sou cristã e assim acredito que ninguém pode acabar com uma vida. Nem mesmo com a própria. Sou simpatizante do espiritismo (ou espírita-não-praticante, se é que alguém pode ser de uma religião sem praticá-la) e acredito que antes mesmo de ser concebida, a criança já tem uma alma, uma vida, que está encaminhada àquela mãe. Desse modo, sou contra o aborto enquanto homicídio doloso, aquele com intenção de matar.

Porém, seguindo as mesmas linhas cristãs, não posso julgar quem faz, fez ou fará um aborto. Até julgo “um pouquinho”, mas sei que é tão errado fazer isso quanto aceitar que se mate alguém por motivo X ou Y. O problema é que um aborto não envolve apenas uma possível vontade consciente de matar um bebê – mais do que isso, o próprio filho. As questões podem ser muitas e por vezes demasiadamente cruéis, como um estupro violento ou uma criança-vegetal. Ora, quem de nós, tão cristãs e tão corretas, não ficaria extremamente abalada ao saber que, por exemplo, está ali na sua barriga um fruto não de um amor, mas de um trauma de um estuprador que pode ter feito outras violências e deixado sérias sequelas? E ainda por cima ter deixado na criança a semelhança física que vai fazer você lembrar dele sempre que olhar pra ela? Ou ainda quem não ficaria à beira do desespero ao saber que a criança não nascerá saudável, que terá poucos meses de vida e nesse tempo não vai falar nem andar porque nascerá sem cérebro? Há ainda diversas outras questões, como abuso por pais e outros parentes, risco extremo de vida para a mãe, entre outras.

Obviamente, nós cristãos sabemos que nada acontece sem que Deus permita, sem que estejamos “pagando” ou “nos purificando” ou ainda “nos elevando” com uma provação como essas. Mas mesmo nós, com nossas famílias amorosas, nossas condições de vida confortáveis e nossa formação cristã, sentiríamos um duro golpe em uma dessas situações. Você, principalmente se for mulher, feche os olhos e se coloque por um minuto em uma situação como essa.

De outro lado, está a questão de apoio legal do Estado – que, diga-se de passagem, é laico. Se o aborto é clandestino, as chances de fazer mal à saúde da mulher ou até matá-la aumentam muito. Se legalizado, pode servir de “incentivo”. O que fazer então? Eu não sei o que fazer quanto à legalização. Talvez a criminalização quando ficasse provado que a mulher tem condições físicas e psicológicas de ter a criança ou que a doação para a adoção também fosse impossível. Que critérios seriam esses? É outra discussão.

Mas sei que, como qualquer coisa no Brasil, deveríamos cuidar do que está errado antes de inventar novas preocupações (vide a questão do veículo leve sobre trilhos – não temos ferrovias nem metrôs que prestem, mas queremos trens-bala). Ou seja, nossas adolescentes não têm educação sexual séria nas escolas. A atenção médica pública é uma piada. O planejamento familiar e o suporte psicológico são inexistentes (ou apenas quantitativos para encher relatórios). Cidadania é algo ainda fora do alcance da maioria. Ao lado disso, a despeito do poder midiático da Lei Maria da Penha, as delegacias não resolvem – e muitas vezes atendem mal – os casos de violência contra a mulher. Será que se conseguíssemos elevar os níveis de eficácia disso tudo a 75% teríamos tanto problema com aborto? Sim, claro, a discussão sobre a legalização ainda existiria, mas sobre um problema muito menos letal (para mães e filhos).

Enfim, cabe a nós, como cidadãos, não só estar atentos aos debates que podem mudar as regras do país mas também à boa execução do que já é lei e não funciona.
Mônica Serra fez aborto(?). Quem faria?